» Autoconhecimento » O que é autocompaixão?
Por Adriana Fernandes | Publicado: 18/06/2021 às: 15:39 | Atualizado: 09-03-23 às: 18:56
Autocompaixão é um dos temas que tem sido muito falado ultimamente, além de ser uma “técnica” bastante utilizada em diversas terapias.
A origem dessa palavra vem de compaixão que significa compadecer com, ou seja, se identificar de certa forma com a dor do outro.
O interessante é que sempre fomos incentivados a usar de compaixão para com o próximo, acolher o outro na sua dor, respeitá-lo quando estiver passando por um momento difícil e prestar apoio sempre que possível. Por outro lado, não é de costume nosso usar da compaixão por nós mesmos, pelo contrário, costumamos ser extremamente críticos quando falhamos e muitas vezes nos afundamos em um poço de culpa sem fim.
A questão é: A autocompaixão pode de fato nos ajudar a abraçar nossa humanidade, fazer calar a nossa autocrítica, ajudando-nos a ver nossas falhas sob outro olhar? O que é de fato a autocompaixão? Quais seus benefícios? Como é possível utiliza-la? É sobre esse assunto que iremos refletir.
Como o próprio nome diz autocompaixão é ter compaixão por si mesmo. Assim como ter compaixão é ter sentimentos de empatia e compreensão em relação ao outro, a autocompaixão é ser gentil, ter empatia. Levar seus próprios sentimentos em consideração.
Sempre fomos incentivados a usar de compaixão com as outras pessoas, e isso é muito importante, porém se pararmos para refletir, como pode ter sentido termos sentimentos de compaixão para com as outras pessoas e nos tratarmos de forma rude? Afinal, não podemos oferecer ao outro aquilo que não temos. Portanto, da mesma maneira que cuido, acolho e respeito o outro, também preciso aprender a cuidar, acolher e me respeitar. Respeitar meus sentimentos, minha história com todas as experiências que vivi.
Quando cuidamos do outro, mas somos extremamente críticos conosco, corremos o risco de não criarmos conexões verdadeiras em nossas relações, ou nos colocarmos em uma relação de dependência.
Segundo a pesquisadora Kristin Neff, a autocompaixão envolve três componentes principais que são:
*Autobondade que nos ensina a sermos mais gentis e compreensivos conosco, sem fazermos críticas e julgamentos duros;
*O reconhecimento da nossa humanidade comum, onde nos conectamos aos outros na experiência da vida, ao invés de nos isolarmos;
*Atenção plena, que consiste em mantermos nossa experiência na consciência equilibrada, sem ignorar a dor ou levá-la ao exagero
Quando combinamos e colocamos em prática esses três elementos estamos usando a autocompaixão.
Reflita sobre a seguinte situação. Sua amiga está passando por um problema difícil e se culpa muito por isso. Além de se culpar bastante ela vive remoendo a situação e ficando cada vez mais se sentindo culpada por isso. O que você faria nessa situação? Acredito que se é realmente uma pessoa que você estima muito, você não irá julgá-la, pelo contrário, irá lembrá-la da pessoa importante que ela é, das boas características que ela tem, e que errar faz parte da vida.
A autocompaixão é um convite a olharmos para a nossa dor com a mesma compaixão que olhamos para a dor do outro. É uma maneira de se cuidar, sem a necessidade de se menosprezar ou de ser duramente crítico consigo mesmo. Uma maneira de nos acolher na dosagem certa, sem menosprezar ou exagerar a nossa dor.
*Calar a voz da autocrítica
*Olhar os erros como uma oportunidade de aprendizado;
*Nos ajuda a melhor acolher nossas imperfeições;
*Aprendemos a acolher nossos sentimentos;
*Passamos a valorizar nossas habilidades;
É muito comum diante de algum erro, deixarmos a autocrítica falar mais alto. Geralmente usamos palavras duras conosco e acabamos focando nos erros e esquecemos todas as nossas habilidades, as coisas bacanas que fazemos.
Praticar a autocompaixão é uma maneira bem eficiente de calar a voz da autocrítica exagerada, além de nos livrarmos da autopiedade e da necessidade de aprovação a todo tempo.
Então, para você analisar se de fato está praticando a autocompaixão citamos abaixo, oito sinais de que você está sendo compassivo com você mesmo.
É sempre importante paramos para refletir, observar a maneira como nos tratado, se estamos sendo gentis conosco ou se a voz do autojulgamento e da autocrítica tem falado mais alto. Portanto, você está praticando a autocompaixão quando:
*Você deixa de ser tão crítico consigo mesmo e passa a ser mais compreensivo em relação às suas falhas;
*Quando passa a ter consciência das suas qualidades e a valoriza-las;
*Ao enxergar as experiências vividas como importantes para o seu processo de aprendizado;
*Ao respeitar seus próprios limites;
*Quando você consegue silenciar a voz da autocrítica;
*Ao acolher suas dores e sentimentos;
*Quando você consegue ser gentil consigo mesma.
*Ao aceitar as próprias imperfeições, afinal não existem pessoas perfeitas;
Você pode utilizar a autocompaixão em qualquer situação onde você sentir que de fato está precisando de um pouco mais de colo, de olhar um pouco com mais gentileza e autocuidado para com você, portanto utilize a autocompaixão quando:
*Toda vez em que você precisar calar a voz da autocrítica depreciativa;
*Quando seus pensamentos estiverem cheios de autojulgamento;
*Em momentos em que você não consegue sair de uma determinada situação;
*Quando pensar que é um verdadeiro fracasso;
*Naqueles momentos em que o sentimento de culpa estiver lhe sufocando.
Como podemos ver, a autocompaixão só tem a acrescentar em nossas vidas. Ela não tem nada a ver com autopiedade, pelo contrário, ao compreender o quão falhos somos, a autocompaixão pode ser um caminho para trabalharmos nossas questões sem precisar se colocar em um lugar de vítima, mas compreendendo que mesmo diante dos erros podemos evoluir e nos tornarmos pessoas cada vez melhores sem ter que nos menosprezarmos.
A autocompaixão nos ajuda a focar nossa atenção naquilo que podemos mudar, ou seja, naquilo que está sob o nosso controle, e aceitar as coisas que não podemos.
“A autocompaixão é uma maneira gentil de afrouxar os “apertos” que há em nós.”
Sou psicóloga clínica, CRP: (04/39812.) Atendo mulheres, ajudando-as a recuperar sua autoconfiança, superar desafios emocionais e construir uma vida mais leve e significativa. Utilizo a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). Uma abordagem que visa ajudar pessoas a lidar com pensamentos e sentimentos difíceis, esclarecer valores, orientar ações, além de ensinar técnicas práticas para ajudar a lidar com desafios emocionais. Se você busca apoio psicológico ou deseja conhecer melhor meu trabalho, este espaço oferece informações úteis. Caso precise de acompanhamento psicológico, entre em contato. Será um prazer acompanhar você em sua jornada de crescimento e autodescoberta. Obrigada por acompanhar este blog. Vamos juntas, em direção a uma vida mais rica e significativa.
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